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sexta-feira, 22 de abril de 2016

 
2016 -ABRIL EM PORTUGAL

 
            15340 dias DEPOIS - LIBERDADE?!                                                              
Parece que foi “ontem” que aquela madrugada aconteceu e  nos deu a conhecer o sabor da palavra LIBERDADE, particularmente, aos que nas prisões de Caxias, Aljube ou Peniche, na clandestinidade, nos campos, nas fábricas, nas escolas, nas coletividades, cooperativas e sindicatos sempre resistiram, enfrentando a intimidação e a repressão de um regime fascista, responsável por 13 anos de guerra colonial, pela emigração clandestina de centenas de milhar de portugueses e por uma taxa de analfabetismo não comparável à de qualquer outro país europeu. 

A esperança que crescia com a Liberdade marcou o início de uma viragem histórica que, hoje, mais do que uma recordação, é uma luta que persiste, um caminho que, ainda, falta cumprir. Muito do que foi jurado em 2 de Abril de 1976, com a aprovação da Constituição da República Portuguesa, não se cumpriu.

A esta distância não deixa de ser curioso e significativo pensar que no dia 26 de Abril de 1974 todo, ou quase todo o Portugal, era democrata e revolucionário, o que significaria, à priori, que o fascismo, o colonialismo, analfabetismo e a repressão, só faria parte do imaginário de alguns. Esta será a primeira das lições a tirar de como não cumprir a Constituição, por todos votada (com o não do CDS de Freitas do Amaral, delfim de Marcelo Caetano, hoje devoto democrata.  

 Se antes a ANP ou União Nacional representava o poder constitucional e legislativo, até 5 de Outubro de 2015 eram os partidos do “arco da governação” detentores desse poder, que, ainda, falam em “EXAME PRÉVIO” a ações a praticar pelos órgãos de informação, como prenúncio da entrada ao serviço da COMISSÃO DE CENSURA  extinta, exactamente, há 41 anos.

 Com a nomeação do actual executivo, produto das eleições Outubro de 2015 ainda que contra a vontade e os desígnios do anterior presidente da República, respira-se o aroma (ainda que ténue) da esperança de um futuro com futuro.

 Ainda assim, a segunda lição reflete-se na forma como nos acomodámos a uma democracia representativa e nos esquecemos de estar atentos e lutar, no uso do direito que a Lei Fundamental nos confere, em cada momento crucial para o cumprimento dos Direitos e as Liberdades garantes de uma vida melhor e mais justa para todos.

 Com os desgovernos dos que representam os mandantes do regresso ao passado, aguardamos que seja dado fim às filas de cidadãos, que até à poucos meses, estavam à espera de uma sopa. Devido aos desmandos e mandos dos "mercados" ainda hoje, cerca de 100 estudantes por dia desistem dos seus cursos universitários, por não terem como pagá-los. Receio que neste HOJE voltemos a ter “homens que nunca foram meninos”, em que o volume de gente no desemprego  cresce dia a dia, tal como a fome e medo.

Ainda assim (repito), a ténue esperança  que o governo do meu país me trouxe, faz com que acredite, que valeu a pena, que vale a pena continuar a "lutar".                                                            

 O nosso quotidiano é gerido por uma informação distorcida e eivada de inverdades ( deturpação ou omissão da verdade), onde há dita sem contradita e a presença de políticos e comentadores, hábeis na utilização do tal “Manto diáfano”, que esconde a verdade, é predominantemente usado, porque o mais importante, para eles, é que todos tenhamos a certeza de que a realidade por que passamos, embora injusta é necessária, ou seja temos que aceitar ser, mais uma vez explorados, convictos de que não há outras alternativas. 

A observação atenta é fundamental (que a memória não seja curta). Com toda a desinformação, restrições dos "ditos Mercados" , ditames de "Bruxelas", o voto será mesmo um exercício de liberdade, neste contexto de manipulação dos portugueses?                                                

Como prenda de ABRIL (que foi) corresponde a um direito que anteriormente não tínhamos, significando, deste modo uma conquista da Liberdade, mas  não é a arma do Povo, como nos tentam fazer crer, e só poderá ser uma arma do Povo, quando a cidadania for um ato real de participação quotidiana na vida coletiva, quando soubermos compreender o mundo em que vivemos e formos capazes de construir um futuro melhor para todos. Nesta cruzada o conhecimento, a memória e o amor são de facto armas eficazes. 

 Mas lembro que quem nos tem desgovernado nas quatro décadas pós - ABRIL, contam com o apoio do poder financeiro que,  por sua vez, tem sido duplamente recompensado, à custa dos contribuintes e das carências sociais . Poder financeiro que descapitalizou o país (em benefício de alguns) lesando gravemente a grande maioria dos portugueses. Governam como se de um jogo de Xadrez se trate, basta que mudem umas pedras no tabuleiro do poder. Manter o Rei, a Rainha e os Bispos, porque as Torres da resistência estão e são limitadas nas ações que o jogo de interesses impõe e, quanto aos Peões, eles jogam no pressuposto da memória curta,  dos MEDOS que lhe são incutidos  e os levam à sujeição da Lei da Oferta e da Procura em que os peões são vistos como números e tratados como mercadoria negociável e descartável. 

 Se muito protestarem, sacodem-se umas migalhas da toalha da abastança do Poder, com pequenas cedências aqui e ali, a receita é conhecida. A política de benesses e comendas, da cunha institucionalizada, do compadrio e silêncios cúmplices, produtora de ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres, que tornam este canteiro à beira mar plantado (ora sujeito à ingerência externa – autoridade que o povo não lhe conferiu) no país europeu onde as desigualdades sociais são mais evidentes e se acentuam passo a passo.

 42 Anos depois onde está a Liberdade? Está, pelo menos, na possibilidade de fazer o que neste momento faço, Escrever dizendo o que penso, e "abraçar" causas sem o receio de enfrentar um plenário.

 O conhecimento e o empenho coletivo são as armas mais eficazes para combater o obscurantismo, as ditaduras camufladas que levam às desigualdades sociais, tenham o nome que tiverem.

 Recordar e Viver o ABRIL que floresceu em MAIO, é ter esperança num futuro mais justo, mais fraterno e mais igual. É CONTINUAR A LUTAR PELA LIBERDADE.

 Mas tomai ATENÇÃO,  o meu amigo FERNANDO lembrou-se de me lembrar (e muito bem) da existência da "MÁQUINA DO FUTURO", a dita "geringonça", de que os Ex, ora na oposição parlamentar, tanto falam.

ARFER

A MÁQUINA DO FUTURO

Os Donos disto Tudo
(os verdadeiros, que nem sequer conheces)

tinham inventado,

construído e exportado

em direcção ao sul,

uma máquina sofisticada

muito bem oleada,

embalada a primor com laços e uma flor

mas que desembrulhada

e posta em movimento

mais parecia um cilindro

ou rolo-compressor.

Mas os seus mandatários

fizeram uma festa e um grande foguetório

a dizer que era este o transporte ideal

para um povo simplório.

E o cilindro lá foi comprimindo

A vida e os sonhos dos povos do sul.

Onde o sol brilha mais e o mar é azul.

Eis que de repente

esta nossa gente de tão comprimida

achou que era tempo de mudar de vida.

Parou o cilindro, despediu capatazes

e pôs-se a construir o melhor transporte

que formos capazes.

Pode não estar pronto, que o futuro demora,

Mas é mais bonito por dentro e por fora.

Para o amesquinhar,” amigos da onça”

Dizem que o seu nome é a “geringonça”.

Mas há tanta gente que precisa dela

Que a sonha ver pronta p’ra seguir com ela.

Não sendo perfeita, vai-se melhorando

porque este projecto, sendo original,

é feito por nós, é artesanal,

pois é com trabalho que a coisa se faz

e tem um cartaz: “MADE IN PORTUGAL!”

A questão maior que faz afligir os senhores do Norte

é o medo enorme de que a gente a exporte.

Para eles, pode ser muito duro

mas a “geringonça” tem mesmo futuro!             

 FERNANDO TAVARES MARQUES
 
E TOMAI ATENÇÃO, AOS "LEAKS" e às "PRIMAVERAS" prometidas.                BEM HAJA!


 

 

 

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