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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010


Os Poderes e a Cultura


Os poderes, políticos, religiosos ou outros, podem, de forma intencional e em função dos interesses que os movem influenciar e evolução, fruição ou divulgação da Cultura, mas em caso algum a podem, globalmente, controlar.
Os problemas na área da política cultural são múltiplos, complexos e diversificados.
A Cultura e o Poder, sendo dois pilares da organização das sociedades, que emergem do tecido social e, consequentemente, a orientação das politicas são, de grosso modo, o reflexo do poder instituído.
A Cultura é um modo de vida e é a expressão do sentir, do pensar e do agir de um povo, tal qual a politica. O fazer e o agir intencionalmente ou não, são actos políticos ou culturais, são constante da vida.
Sendo que as politicas Culturais do Poder central devam ser, na sua essência um garante de regulação da pluralidade, da cidadania activa e da liberdade criativa, assente basicamente no princípio da democratização da cultura, conforme O INSTITUIDO CONSTITUCIONALMENTE.
Os Poderes autárquicos diferem quanto à forma e os objectivos no desenvolvimento das suas politicas culturais e moldes de gestão que lhes são inerentes no que concerne ao interesse concelhio e, também, quanto ao património material e imaterial que lhes são afectos, ainda que dentro dos parâmetros ditados pela Lei geral e do direito constitucional.
Desde 1974, a sociedade portuguesa, sofreu profundas alterações, relativamente ao Monolitismo partidário de quarenta e oito anos, de ditadura. O Polipartidarismo veio assegurar a representatividade da globalidade dos sectores de opinião. A Liberdade de expressão e o fim da censura permitiram a livre circulação dos bens culturais, tais como livros, filmes, ideias, teatro livre de censura e uma representatividade alargada, exponencialmente, ao usufruto dos bens culturais.
Nos primeiros anos de livre poder autárquico, ainda que sem uma linha programática pré-definida, a força e a criatividade que a liberdade produz, deu origem a múltiplas iniciativas de âmbito cultural.
As autarquias em parceria com o movimento associativo e a comunidade escolar, têm desenvolvido, após o 25 de Abril, projectos de cariz cultural multifacetado e interculturais, face ao facto de Portugal que, ao longo de décadas foi um pais de emigrantes, se tornar, com fim da ditadura e da guerra colonial e depois de “ orgulhosamente sós”, num espaço geográfico que recebeu centenas de milhar de regressados das ex-colónias e de exilados emigrantes (fugidos à guerra e a ditadura).
Nos anos oitenta deu-se uma inversão, de emigrantes, passámos a ser um país acolhedor e atractivo para centenas de milhar de imigrantes dos quatro cantos do mundo, da Ásia, Africa, América do Sul e Europeus (principalmente do Leste da Europa), com raízes culturais, comportamentos sociais religiosos, bem diferenciados.
Como se depreende, um facto histórico pode ser causa, em determinado momento, de ruptura com algumas tradições e ser “explosão” de criatividade artística e de produção cultural. Como exemplo disso são a Revolução Francesa (século XVIII), a Revolução Industrial (séc. XIX) e a revolução Russa de 1917 (séc. XX), que deram origem, a seu tempo, de uma evolução artística e de divulgação cultural, sem precedentes, influenciadores de politicas sócio - culturais, de tal modo, que muitos Estados se viram na necessidade de legislar no sentido de proteger, apoiar e adequar, nalguns casos, a produção de arte e divulgação cultural em função dos seus objectivos políticos.
Os novos conhecimentos, novas tecnologias, produtos da revolução foram factores determinantes de uma evolução sócio-económica. A rádio, a fotografia, o cinema, a televisão e mais recentemente a comunicação da era digital, são hoje elementos fundamentais ao serviço da democratização da cultura, na sua divulgação e fruição, se utilizados com justa imparcialidade.
Se os Nacionalismos exacerbados e os Poderes ditatoriais e monolíticos foram e são entrave ao desenvolvimento da produção cultural, nos tempos de hoje, só uma “cultura contextualizada” pode restituir o homem a si mesmo. Assim a Cultura será julgada pela sua capacidade de realizar o homem no mundo e com os outros, pois ela não é senão aquilo que, é criado pelo Homem. A cultura é a via para a globalização de Humanidades, promotora de uma “nova” ética de compressão, tolerância e fraternidade entre os homens. Não há culturas maiores ou menores, superiores ou inferiores, mas apenas diferentes, sejam populares ou ditas eruditas que, de facto, tiveram origem popular, tais com o Canto, a Musica, o Teatro, tudo tem origem nas bases, incluindo a formação de riqueza.

ARFER

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